A revelação da magia.

Pontualmente às 14:00 um jipe da marca ‘LAND-ROVER’, modelo ‘Defender’, de para-lamas arredondados e carroceria de alumínio, de uma linda cor de areia das praias de Ipanema, equipado para todo terreno, irrompe no acampamento das Daianes com seu característico ruído de castanholas batendo.

A porta do condutor do jipe se abriu e dentro dele sai uma mulher de beleza incomum.

“Olá meninas! Meu nome é Ângela.”.

Ângela exala uma beleza cativante que transcende o comum. Seus cabelos negros caem em cascata, fluindo suavemente com um brilho sutil à medida que captam os raios do sol. Aos 25 anos, ela irradia uma juventude atemporal, com uma expressão que reflete sabedoria e determinação.

Capítulo 3.

Turner fora treinado para manter a calma mesmo em situações de muita pressão. Mas naquela manhã de 28 de janeiro de 1964 reconheceu que havia sentido o peso da responsabilidade.

De saída, em vez de tomar seu comprimido diário da vitamina “ONE-DAY”, cuidadosamente manipulada na farmácia “BOTICA AO VEADO DE OURO” segundo a fórmula original da “BAYER AG” e cujo rótulo do frasco dizia “TOMAR UMA POR DIA”, tomou um comprimido do famigerado laxante “EX LAX” que era fabricado originalmente pela Chocolated Ex-Lax Company mas que “AO VEADO DE OURO” fez a gentileza de embalar em um frasco idêntico ao frasco do One-Day.

Vestiu-se, abriu a porta para sair mas não sem antes dar uma boa olhada pela sala, como se não soubesse se um dia voltaria.

Ao estacionar o Bel Air na frente da porta da Padaria Lusitana, sentiu algo estranho na cavidade estomacal. Algo como uma bola que se movimentava freneticamente. Não comprou o jornal nesse dia.

Não pediu, como sempre, ovos mexidos com bacon, pão de forma torrado e suco de laranja. Em vez disso, consciente dos riscos, preferiu um simples pão com manteiga e uma xícara pequena de café com uma colher pequena de açúcar cristal.

Havia esquecido que as xícaras de café de praticamente qualquer bar de São Paulo eram mantidas em água fervente de maneira que estavam sempre higienizadas, sendo recomendado pegar a xícara com a proteção de um lenço, como daqueles da marca PRESIDENTE. Queimou os dedos indicador, polegar e anular da mão direita.

Manobrou o Bel Air para desviar da carroça verde do padeiro, que amavelmente o cumprimentou levantando o boné branco, passou com a roda dianteira direita do carro sobre um montinho de estrume fresco, desceu a Rua Líbero Badaró, virou à esquerda na Avenida São João, cruzou o Vale do Anhangabaú e estacionou em frente à entrada principal do prédio dos CORREIOS e TELÉGRAFOS, cuja beleza não cansava de admirar. De fato, o projeto de Ramos de Azevedo junto com a magnífica caixa de correio em ferro fundido que ostentava o Brasão de Armas do Brasil folheado a ouro na entrada principal do prédio, era uma dádiva para os olhos.

Nessa vez abriu primeiro a caixa postal 153. Ficou decepcionado; havia apenas um telegrama com os dizeres, em alemão, " siehe Kastenbeiträge Nummer neunzehn", que quer dizer “veja a caixa postal 19”

Capítulo 4.

Chegou o dia da Feira dos Bebês. Finalmente!

Vestidas impecavelmente, as mães desfilavam pela alameda, suas roupas refletindo a harmonia e a diversidade de Nova Terra. Cada detalhe meticulosamente planejado por Ardentia Têxtelis, as roupas destacavam a pureza das meninas e a força dos meninos.

Os cabelos, adornados com flores exuberantes, adicionavam um toque de serenidade e beleza natural. As mães Amalthea, Seraphina, Luminara, Aethra e Veridiana, à frente do desfile, brilhavam com uma beleza que ia além do físico, refletindo a luz interior que cada uma possuía.

Á medida que avançavam pela alameda, as mães exibiam com orgulho seus rebentos, enquanto a música de Beethoven enchia o ar, proporcionando uma trilha sonora majestosa para a ocasião.

A triunfante chegada à Feira dos Bebês marcava não apenas a celebração das crianças, mas também a celebração da maternidade, da união e da beleza única que cada mãe trazia consigo. Era um espetáculo de luz, som e elegância, uma verdadeira manifestação da magia e da harmonia, evidentes em Nova Terra.

Ardentia Têxtelis teve o capricho de adicionar a cada vestido de cada uma das mães, em desenhos de flores ancestrais, a marca de seu menino ou menina, de maneira que sabiam de antemão quem seria o pretendente de cada menina.

Sentaram-se em confortáveis bancos feitos de bambu com o devido cuidado para não amassarem os vestidos, todos rodados, e colocaram seus bebês no colo.

Restou aos pais pronunciarem a Oratio Paternitatis, a Oração da Paternidade, o juramento de proteção às crianças e de compromisso de casamento. O juramento ecoou pela cidadela, carregando consigo a seriedade e a solenidade do compromisso assumido pelos pais diante da comunidade de Nova Terra e do próprio Universo.

O primeiro a se apresentar foi o pai de Iolando, filho de Veridiana, prometido de Iolanthe, filha de Luminara.

“Em nome de Iolando, meu filho, filho de Veridiana, perante os desígnios desta sagrada assembleia, juro proteger Iolanthe, minha Alma Gêmea, de todas as vicissitudes e conduzi-la pelo caminho da paz e da felicidade.”.