À medida que meus livros foram se tornando populares, a quantidade de mensagens de leitores interessados na minha obra cresceu.
Os assuntos são os mais variados: críticas positivas, críticas negativas, curiosidades sobre minha vida pessoal, perguntas sobre meu fluxo criativo e pedidos de conselhos sobre os mais diversos temas.
Considero uma grosseria alguém enviar uma mensagem e o destinatário não responder com a devida presteza. Por isso faço questão de responder a todas, geralmente nas primeiras horas da manhã.
Arquivo as mensagens — no Gmail — em pastas separadas por assunto, mais ou menos como descrevi acima.
Em certo dia de março de 2025, durante uma folga entre a elaboração de um livro e outro, ponderei que essas mensagens poderiam render uma nova obra. O resultado você lê a seguir.
2. Daianes.
Origem:
Eu estava assistindo a um documentário sobre discos voadores no History Channel, na TV a cabo.
Esse tema, dos discos voadores, é infindável e muito lucrativo, aparentemente, dado que milhares de indivíduos e produtoras de vídeos exploram o assunto permanentemente.
Em dado momento do documentário, um comentarista, do qual não me lembro do nome e que não faz diferença saber, dado que se trata apenas de mais um enrolador entre os milhões de vendedores de ilusões que existem, diz alguma bobagem. Mas, na vinheta no rodapé do vídeo, estava escrito: “Dr. Fulano de Tal – Mitólogo Investigativo”. Epa! Aqui está uma piada pronta que pode render uma história divertida, exclamei para mim mesmo.
Assim nasceu “O CURSO PRÁTICO DE MITÓLOGO INVESTIGATIVO” que, mais recentemente, dado que as DAIANES, as garotas protagonistas da aventura, se tornaram muito populares, mudei o título para a forma que você conhece hoje: “DAIANES”, e “O CURSO PRÁTICO DE MITÓLOGO INVESTIGATIVO” se tornou o subtítulo.
A primeira coisa que criei foi o Doutor Thutmose Al Harem, autor de “O Curso Prático de Mitólogo Investigativo”. DA5, uma das DAIANES, compra o livro e dá início à aventura que as levaria a um mundo mágico.
Aqui vai a “Nota do Autor” do livro.
[Ter a incrível oportunidade de conhecer pessoalmente o Doutor Thutmose Al Harem foi como ser atingido por um cometa cheio de nuances estelares, pela sabedoria e o mistério neles contido. Suas conferências públicas são como uma mistura única de sabedoria duvidosa e palavras que flutuam entre o intrigante e o imprevisível. Como descrever a experiência de conviver com alguém que se autodenomina, com muita justiça, o supremo mestre da busca e convivência com mitos? É como se eu tivesse participado de um show de magia cósmica, onde a linha entre o verdadeiro e a genialidade é tão fina quanto o fio da mais pura seda. Leia o “Curso Prático de Mitólogo Investigativo”; prepare-se para um mergulho profundo nas águas turvas do desconhecido, tudo guiado pela mente brilhante do Doutor Thutmose. Suas reflexões excêntricas e visão única do mundo certamente deixarão você se questionando se está rindo ou se realmente encontrou a chave para desvendar os mistérios do universo. Então, respire fundo, prezado leitor, pois você está prestes a embarcar em uma jornada peculiar, com o Doutor Thutmose Al Harem como seu guia. Boa leitura! Heron Robledo.]
Quer dizer, um amontoado de coisas sem sentido no melhor estilo dos documentaristas que tratam do tema “mitos”, bem abrangentes, diga-se.
Sobre o nome DAIANE. A grafia “DAIANE” tenta reproduzir a tradução literal de “DIANA” para o português. “DIANA”, no caso, é o nome da falecida Lady Diana Spencer, Princesa de Gales, que era muito popular no Brasil, entre as mulheres, porque teve a coragem de dar um pé na bunda do então Príncipe Charles, seu marido. Assim, “DAIANE” significa “DIANA” e é o nome que dezenas de milhares de meninas que nasceram na década de 1990 e na década de 2000, receberam em homenagem à Princesa.
Mensagem da leitora Célia G, de São Roque – SP – BR.
[Heron, chorei de rir e de emoção com as aventuras das DAIANES. Por causa do livro, fiquei curiosa para saber se os personagens citados existem mesmo e se toda essa magia contada na história tem uma pontinha de verdade. Decidimos, eu e meu marido, Raul, fazer uma viagem para São Tomé das Letras – MG. E ficamos fascinados com um monte de coisas. Mas o único personagem que descobri foi o velho Giba. O senhor foi a São Tomé? Testemunhou alguma coisa incomum?]
Querida Célia, agradeço de coração por tamanho interesse, não apenas pelo livro das DAIANES mas, sobretudo, pelo realismo mágico.
Que legal que você encontrou com o Giba. Ele existe mesmo, não é? Viramos amigos, ele e eu. Ele fará parte de uma nova história que estou escrevendo. É uma homenagem a esse personagem tão dedicado ao realismo fantástico. Sabia que ele tem mais de cem anos?
Lembra do episódio dos ET’s que vivem na Gruta do Carimbado, que mencionei no livro. Então, é o Giba que cuida deles.
Eu fiz essa mesma pergunta – sobre coisas incomuns que acontecem em São Tomé – e ele me respondeu: depende de quanta Ayahuasca você beber.
Eu não tomei essa tal de Ayahuasca porque ainda não perdi o juízo. Mas é livre para quem quiser experimentar.
E olha só o efeito que a bebida pode causar:
Eu havia visto em um documentário um sujeito concedendo uma entrevista contando que fora, em São Tomé, atacado por um lobisomem.
Quando estive com Giba e abordei o assunto, ele me garantiu que a história do sujeito é verdadeira, e que ele até apareceu com alguns arranhões para comprovar.
Perguntei para o Giba se poderia entrevistar o homem, e ele respondeu que sim, era só esperar passar o efeito que estava curtindo por conta da fumaceira que produziu e dos goles de Ayahuasca que tomou.
Mas eu acredito em tudo que dizem sobre São Tomé.
Mensagem do leitor Miguel P, de Birigui – SP – BR.
Essa história do Miguel me emocionou muito. “Mundo pequeno”, disse ele, nas mensagens que trocamos por WhatsApp.
Miguel ocupou um apartamento que tenho na praia através de uma plataforma que cuida do aluguel de imóveis por temporada.
Na mensagem que enviei explicando as instruções para que ele pudesse ocupar o imóvel, ele respondeu assim:
“Puxa vida, seu (aqui ele cita meu nome verdadeiro), não sabia que o senhor é escritor. Eu fui para São Tomé das Letras por causa do livro.”
Fala sério! Fiquei feliz, emocionado e eufórico, tudo ao mesmo tempo.
E perguntei:
“Você leu o livro das Daianes?”
“Li.”, respondeu Miguel.
“Só por isso você vai ganhar um presente.”
E enviei para ele, porque Miguel é professor de História, um exemplar de um livro chamado “HISTÓRIAS VERÍDICAS DE NAVEGADORES PERDIDOS”, uma tradução que fiz do português arcaico para o português atual de uma obra fantástica.
[Heron, primeiramente agradeço pelo exemplar autografado de “HISTÓRIAS VERÍDICAS DE NAVEGADORES PERDIDOS”, leitura fascinante que todos que amam a História deveriam ler.
No Capítulo 5, “Como capturar um OVNI”, na página 58, onde o senhor menciona que para fazer um telefone de lata deve-se usar embalagens de Leite Condensado Moça, o senhor não pensou em utilizar potinhos de iogurte, que custam um terço do preço?]
Olha, eu adoro o Miguel. Mas essa pergunta dele só pode ser uma de duas coisas: ou ele está de brincadeira ou está do lado dos aliens. E, depois, não fui eu que escrevi, foi o Dr. Thutmose Al Harem, o grande mitólogo cuja obra está acima de dúvidas ou incorreções.
Minha resposta:
Miguel, ainda bem que arrependimento não mata, do contrário eu estaria morto e enterrado por causa da atitude que tomei, querendo fazer um agrado, enviando um exemplar de “HISTÓRIAS…”, ainda mais autografado.
Eu recomendo que você releia as instruções do Dr. Al Harem. Ele é bem claro quando diz que o conteúdo das latas de Leite Condensado Moça deve ser entregue à mãe, a sua no caso, para que cozinhe um Pudim de Leite Moça, devidamente preparado, ainda que o professor não cite, com ovos, leite e calda de açúcar, que deverá ser cozido antes de colocar todos os ingredientes misturados.
Então, me diga, qual pudim você acha que pode cozinhar usando iogurte, e sei lá mais o quê quer que seja, que agrade os aliens? Ora, faça-me um favor. Tenha a santa paciência!
E tem mais. O propósito do telefone de lata não é o de ser apenas um protocolo de comunicações. É, justamente, fornecer o principal insumo para fazer um Pudim de Leite Moça. Sem ele, o nome seria outro, bem diferente: “Pudim de Leite”, apenas. E até poderia ser, mas jamais saberíamos se o Alien apreciaria esta “versão fake” do Pudim de Leite Moça e constatarmos, como cito no livro, se o mundo, e até o universo, estão ou não perdidos, já que o Alien poderia odiar o falso pudim.
Então, por favor, use produtos “Tabajara” em outros itens utilizados para caçar OVNIs, mas o Pudim de Leite Moça, peço, quase imploro, use o original.